Dia 22 de setembro é o Dia Mundial sem Carro. Mas, pra que serve esse dia? É pra comemorar o não-uso ou não-propriedade do carro? Para entender, vale a pena fazermos algumas reflexões.
Quando o automóvel surgiu em escala industrial veio substituir as charretes e carroças e resolveu uma série de problemas de época. Um vendedor de carros daquele tempo diria a um potencial cliente: “As rodas tem pneu, o que tornam o passeio confortável e sem ruído. Não empaca se não for alimentado ou estiver de mal humor. Basta andar com um galão de combustível no porta-malas. Não defeca nas ruas, de forma a assegurar o uso limpo do passeio público e evita doenças à população. É mais veloz. Quando parado não precisa ficar amarrado pra não fugir”, e por aí afora.
Tão atraente, sofisticado e confortável o equipamento só poderia ter um destino: conquistar todos os cidadãos do mundo, que até hoje desejam ter um automóvel. Estima-se que no mundo existam hoje mais de 1 bilhão de automóveis. Aproximadamente 4% estão no Brasil. Colocados em fila, os 1 bi de carros, dariam mais de 10 vezes a distância da Terra à Lua.
Mas o mundo mudou… Os centros urbanos aglomeraram muita gente em espaços reduzidos e as vias são poucas pra tantos automóveis. Além de serem um sorvedouro de recursos naturais não-renováveis, são potentes fontes de emissão de poluentes e gases de estufa. A tecnologia de um motor a combustão é a mesma há quase cem anos. De toda energia que este motor gera, aproveitamos não mais que 30%, o resto é perdido por calor.
Estive pensando no uso que faço do meu automóvel. Vivo em São Paulo, a aproximadamente 7 quilômetros do meu trabalho e levo aproximadamente 45 minutos para percorrer esse trecho. Isso quer dizer que estou me locomovendo, em média, a 9,3 km/h. Uma pessoa a pé anda a 5 km/h, de bicicleta a 20 km/h. Já aconteceu, mais de uma vez de eu levar mais de 2 horas pra chegar em casa. O mesmo caminho percorrido a pé demoraria 1h e 20 minutos e de bicicleta, 21 minutos. Eu nunca levei 21 minutos de carro pra chegar no trabalho. E trabalho no mesmo lugar há 8 anos…
Segundo a secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de São Paulo, os prejuízos causados pelos engarrafamentos crescentes na cidade somam R$ 52,8 bilhões por ano, o equivalente a mais de 10% do PIB municipal. E os prejuízos não só materiais. De acordo com a secretária de Economia Verde do Estado do Rio de Janeiro, Suzana Kahn, o setor de transportes é responsável por 23% das emissões globais de gases estufa e cerca de 50% a 70% dos poluentes atmosféricos.
Aderir ao Dia Mundial sem Carro teve um efeito que foi me fazer refletir sobre o tema. Não sou contra os automóveis, adoro dirigir, mas já não é vantagem se locomover tão devagar na cidade. O trânsito parou em São Paulo. Logo vou aderir à moda das bicicletas e peço a gentileza de ninguém me atropelar, afinal não tenho muita experiência ainda com a magrela.
Quem tiver a disposição de deixar o carro em casa e andar de transporte público fora dos horários de pico e nos dias em que não chove, vai perceber que é bastante confortável e a cada ano de uso vai tirar da rua um carro e evitar mais de 1 tonelada ao ano de emissões de carbono. Feliz Dia Mundial sem Carro!