Uma nova doença transmitida pelo mesmo inseto transmissor da dengue chegou ao Brasil, a febre “Chikungunya” e mais de 1000 pessoas já contraíram a doença. A febre chikungunya é causada por vírus do gênero Alphavirus, transmitida por mosquitos do gênero Aedes, sendo o Aedes aegypti (que também transmite a dengue) e o Aedes albopictus (muito comum em nossa região) são os principais vetores. Ela apresenta sintomas similares aos da dengue, como febre alta, mal-estar e dores nos músculos, ossos e articulações. A doença começa a se manifestar três a sete dias depois de o paciente ser picado.
A letalidade da chikungunya é pequena, sendo menor que nos casos de dengue. Ao contrário da dengue, porém, uma parte dos indivíduos infectados pode desenvolver a forma crônica da doença, com a permanência dos sintomas por até um ano.
Assim como a dengue a forma mais segura de se prevenir a doença ainda é eliminar os criadouros do mosquito que geralmente são encontrados em calhas entupidas, lajes, garrafas, pneus, latas, pratinhos de plantas, lixo jogado nas ruas, nos terrenos baldios, nos quintais etc. basta uma pequena quantidade de água parada para o mosquito se reproduzir.
O ministério da saúde orienta que o combate a doença deve ser realizado pelas prefeituras durante todo o ano. As agentes de saúde visitam os imóveis, orientam os proprietários, realizam a captura de larvas e a aplicação do larvicida (VENENO) que inibe o crescimento das mesmas. A eficácia do larvicida é curta, no entanto a aplicação deste “veneno”, segundo o Ministério da Saúdedeve acontecer a cada dois meses, em pelo menos 80% dos imóveis do perímetro urbano. Muitas pessoas por desconhecerem a importância do serviço recusam a visita das agentes, além disso, o número de imóveis fechados tem dificultado as ações. Ressaltamos que em apenas aproximadamente 50% dos imóveis o trabalho está sendo realizado; sendo assim todo mundo corre perigo! O combate ao vetor é responsabilidade de todos. Para muitos que ainda acreditam que a Dengue e a Febre Chikungunya é um problema distante informamos que uma jovem de 28 anos da cidade de Estiva, que esteve na Colômbia, faz parte das estatísticas da febre chikungunya. Gentilmente após se recuperar a jovem nos relatou a sua terrível experiência:
Você já tinha conhecimento sobre a febre Chikungunya? Como na Colômbia está tendo surto, tem muita informação por lá. Vi banners no aeroporto e conversei com gente que estava com a doença e havia sido contaminada há pouco tempo. Aqui no Brasil a informação é mais difícil, mas lá devido ao número de casos, a mídia está colaborando muito.
Quais os locais que você esteve e onde você suspeita ter contraído a doença? Seguramente na Colômbia, na região das praias do Caribe. Santa Marta, Taganga e Cartagena são as possibilidades mais claras porque foram as últimas cidades que visitei e onde vi muita preocupação quanto a isso e também casos da doença.
Quais foram os sintomas? O que mais te incomodou? Ainda sente algum tipo de dor? Agora não sinto mais dores, felizmente. Os sintomas começaram com muita dor no tornozelo até que, a princípio, pensei que havia torcido em alguma caminhada e não havia percebido. Na manhã do dia seguinte amanheci com dores no joelho e nos ombros… aí já tinha percebido que provavelmente tinha contraído a doença. Após isso, começou a febre de 38/39ºC e a dor se espalhou para todas as juntas. Fiquei com muita dificuldade de andar por conta das dores nos pés e joelhos.
Por se tratar de uma doença nova, a qual ainda não sabemos muito, como você se sentiu? Não sabemos muita coisa no Brasil. Apesar de não ter um tratamento específico, tratar apenas dos sintomas, me senti tranquila porque sabia que o sofrimento era de alguns dias apenas. Quando li casos de pessoas que continuaram com as dores nas juntas por meses me bateu um desespero, mas felizmente não foi o meu caso, após uma semana já estava boa, sem nenhum sintoma mais.
Para você e sua família qual a importância do serviço das agentes de endemias? O serviço é essencial. Uma das minhas maiores preocupações ao voltar doente ao Brasil era de não passar esse problema adiante. A minha parte me preocupei em fazer, não circular muito para não aumentar a área que a doença poderia ser espalhada, sempre usar repelente e roupas mais fechadas, minimizando o risco de ser picada por mosquitos. Mas infelizmente não é só isso que previne, o que precisa ser feito é minimizar os criadouros de mosquito, para que diminua a chance de contaminação. E isso não é apenas para o Chikungunya, é válido também para a dengue. Assim, os agentes de endemias são essenciais para conscientizar a população e eliminar esses focos de mosquitos transmissores.
A partir da sua experiência nada agradável deixe uma mensagem para todos e relate o que você acha que precisa ser mudado ou melhorado? O mosquito é a grande questão nessa doença, porque eu não poderia transmitir a doença diretamente a nenhuma outra pessoa, somente através da picada mosquito. Assim, a prevenção é o caminho para evitarmos a contaminação. E os criadouros são conhecidos, todos estão informados quanto a isso, somente precisamos agir e buscar para ver se não está em nosso quintal ou em nossa casa. A dor que eu senti era agonizante, não conseguia levantar para ir ao banheiro, não conseguia me manter em pé para tomar banho… Não desejo isso a ninguém! E a única forma de controlarmos essa doença, assim como a dengue, é fazendo a nossa parte e evitarmos a multiplicação dos mosquitos. Em toda a casa pode ter focos, precisamos estar atentos e não acreditarmos que isso só acontece na casa dos outros.
Vale ressaltar que a Superintendia Regional de Saúde de Pouso Alegre entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde de Estiva informando as medidas cabíveis para bloquear a transmissão do vírus, o trabalho foi realizado com sucesso pelas agentes de endemias no mesmo dia, todavia vale lembrar que sem a colaboração da população não se pode muito.
Fonte: Secretaria de Saúde de Estiva/Elaine Clemente – Supervisora do Controle Vetorial