Um problema social que é comum na vida dos brasileiros, a violência continua tendo como principais alvos jovens negros do sexo masculino, moradores das periferias e áreas metropolitanas dos centros urbanos. A conclusão é de uma pesquisa feita pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que levou em conta a vulnerabilidade à violência de jovens de 15 a 29 anos em todo o país.
Os dados preocupantes indicam que a chance de um jovem negro morrer assassinado é maior do que a de um jovem branco em 24 das 27 Unidades da Federação (UFs). A situação mais preocupante é a de Alagoas (0,489), onde um jovem negro tem 12,7 vezes mais chances de ser assassinado do que um jovem branco. Os três estados que fogem desse padrão são Paraná, onde a taxa de mortalidade de jovens brancos é superior aos valores registrados entre jovens negros, Tocantins, onde o risco é bastante próximo, e Roraima, que não registrou nenhuma morte de jovem branco no período, o que impediu o cálculo do risco relativo (taxa que divide o número de homicídios entre jovens negros e brancos).
De acordo com uma das autoras do estudo, Roberta Astolfi, o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência 2017 (IVJ), desenvolvido pela Secretaria Nacional de Juventude em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, agrega dados relativos à taxa de frequência à escola, escolaridade, inserção no mercado de trabalho, taxa de mortalidade por homicídios e por acidentes de trânsito. “O número serve como base para políticas públicas de juventude, parcela da população mais afetada pela violência no Brasil”, explicou a pesquisadora.
O segundo estado da lista de alta vulnerabilidade à violência é o Ceará. Em comparação com as demais UFs, ele aparece em posições de desvantagem em relação aos indicadores de frequência escolar e situação de emprego (segundo), no indicador de mortalidade por homicídio (quarto), mortalidade por acidente de trânsito (quinto) e pobreza (sexto).
O terceiro estado com o pior indicador é o Pará, também em situação de alta vulnerabilidade juvenil à violência (0,471). O número em que o estado obteve o pior desempenho foi o de desigualdade, ficando na quarta pior posição. Em relação aos indicadores de pobreza, ficou entre os sete piores. Quanto ao risco relativo de homicídio entre jovens brancos e negros, o Pará está no nono pior lugar.
O melhor resultado verificado é o de Santa Catarina (0,209), que possui o menor indicador de mortalidade por homicídio do país. Na sequência, aparecem São Paulo e Rio Grande do Sul.
A pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública ressalta que o estudo reacende o debate sobre a desigualdade racial no Brasil. Como uma das saídas para reverter o panorama, Roberta Astolfi garante que é a educação deve ser uma aliada. “A permanência dos jovens na escola é um fator de proteção muito relevante para a violência letal. Então a gente precisa investir muito para que essa escola tenha a capacidade de reter os jovens”, garantiu
De acordo com o levantamento, 12 estados brasileiros foram classificados como de alta vulnerabilidade juvenil à violência, sendo oito da região Nordeste e quatro da região Norte. Os números revelam que a prevalência de jovens negros entre as vítimas de assassinatos em comparação com jovens brancos é uma tendência nacional. Em média, jovens negros têm quase três vezes mais chances de morrerem por homicídio do que jovens brancos no país.
Por Tácido Rodrigues