A depender da taxa de fecundidade, a população brasileira mantém-se estável. Desde 1940, o número de filhos por casal caiu de 6,6 para 1,9 entre os anos de 2000 e 2013. Como resultado desse cenário, 21,1% dos municípios brasileiros viram suas populações encolherem nos últimos 13 anos. O caminho inverso foi trilhado apenas pelos municípios mais prósperos, destino da migração interna, maior responsável pelas alterações demográficas dos últimos anos. Foi o caso de Pouso Alegre, que desde 2000, registrou um crescimento populacional de 31,3%, o maior entre as cidades-polo da região.
No ano 2000, o município possuía 106 mil habitantes. Era o terceiro mais populoso do Sul de Minas. 13 anos depois, com 140,2 mil habitantes, Pouso Alegre já é a segunda cidade mais populosa da região, atrás apenas de Poços de Caldas, com 161 mil. A explicação mais óbvia para o avanço populacional é o avanço econômico experimentado nos últimos anos. A análise encontra apoio na Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Ação Regional. Com base em dois indicadores: a grande oferta de empregos na cidade e o fato de inúmeros municípios que circundam Pouso Alegre terem encolhido em número de habitantes.
“Basta olharmos o mapa demográfico do país. Vamos identificar essa redução de habitantes sempre no entorno de polos de atração, como é o caso de Pouso Alegre”, avalia o chefe da pasta, Márcio José Faria. Ele lembra que os números oficiais ainda não contemplam a população flutuante, em sua maioria, estudantes e trabalhadores que vivem o cotidiano da cidade, mas tem residência fixa nos municípios vizinhos.
Com base na constatação da Secretaria, Pouso Alegre está entre os municípios do país que melhor podem tirar proveito do que os estudiosos chamam de “bônus demográfico”, que é o ponto em que o número de pessoas economicamente ativas e em atuação no mercado de trabalho supera o total de idosos e crianças. Um dos fatores que pressionaram desde sempre os ganhos de qualidade de vida e produtividade no país foi o acentuado contingente de jovens em idade não produtiva. Pois esses jovens cresceram e chegaram ao mercado de trabalho e de consumo com grande desejo de prosperidade. E este é um dos públicos que têm chegado a Pouso Alegre.
“É um movimento natural. Somos circundados por um grande número de cidades pequenas e os jovens que estão em busca de oportunidades enxergam aqui um caminho possível. Essa condição ganhou ainda mais força com a enorme expansão de nosso parque industrial”, analisa Márcio Faria. Para o secretário, no entanto, não é só Pouso Alegre que é procurada, os investidores que chegam à cidade também procuram mão de obra na região.
A avaliação é compartilhada pelo prefeito Agnaldo Perugini, que vê no movimento mais um indicador da necessidade de a estratégia de desenvolvimento do município estar voltada para o âmbito regional. “É por esse motivo que lideramos recentemente uma missão diplomática à China com prefeitos da região para captar investimentos. Somos mais fortes juntos”, ressalta ao narrar a visita ao país asiático, que pretende desembarcar dezenas de empresas satélites para atuar na cadeia de produção da fabricante de máquinas XCMG, recém-instalada em Pouso Alegre.
Os números explicam
O magnetismo demográfico de Pouso Alegre pode ser expresso em seus indicadores econômicos. Desde 2010, a cidade já atraiu mais de 21 empresas de médio e grande porte. Os setores industrial e de serviços receberam, nos últimos quatro anos, investimentos de R$ 1,112 bilhão. Novos empreendimentos e ampliações em andamento somam outros R$ 838 milhões. Em fase de negociação, seis novos empreendimentos podem render ao município mais R$ 1,9 bilhão nos próximos três anos.
Os investimentos na base produtiva elevaram a oferta de empregos. Comparado à média nacional, o município gera 2,5 vezes mais emprego. Confrontado com as outras cidades-polo da região, Varginha e Poços de Caldas, mais uma vez o indicador local supera em mais de duas vezes na criação de postos de trabalho.
Cruzando os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, com a projeção populacional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) para 2013, entre janeiro de 2009 e dezembro de 2013, o coeficiente de emprego de Pouso Alegre foi de 1/12,3, ou seja, no período, o município criou um emprego para cada 12,3 habitantes. Foram 11.350 postos de trabalho gerados ante uma população estimada de 140,2 mil pelo IBGE.
O coeficiente nacional ficou em 1/31,9, um emprego criado para cada 39 brasileiros. Em Minas Gerais, para cada 29 mineiros, um novo emprego foi criado. Nas maiores cidades do Sul de Minas o coeficiente ficou entre 1/20 e 1/28. Nem mesmo as capitais apresentam coeficientes melhores que o de Pouso Alegre. Belo Horizonte chega perto. Nos últimos cinco anos, gerou um emprego para cada 14,1 habitantes. A maior metrópole da América Latina, São Paulo, ficou mais distante, 1/16.
Foto: ASCOM/PMPA