Por: Hugo de Castro (Coordenador Geral da Associação Trilha Transmantiqueira – ATT)
O engenheiro florestal norte-americano Benton MacKaye publicou em outubro de 1921 em um jornal nova-iorquino um projeto audacioso de sinalizar um caminho contínuo na cordilheira dos Apalaches, costa leste americana, interligando por trilhas os estados de Maine até Georgia, num total de aproximadamente 3.600 km. Nascia nesse momento a Appalachian Trail (AT), mas tão importante que a trilha foi a criação do conceito de “Trilhas de Longo Curso” (TLC). Sua ideia encontrou apoio amplo na comunidade excursionista, que arregaçou as mangas em um incrível trabalho voluntário que finalizou o primeiro trecho em 1923. Em 1937 a trilha já estava toda sinalizada. Atualmente a trilha atrai cerca de dois milhões de trilheiros todos os anos, dos quais mais de dois mil percorrem-na de ponta a ponta.
Logo no início as trilhas de longo curso já foram pensadas como aparelhos de recreação com vocação para geração de renda para a população local através do potencial turístico. Com o passar do tempo notou-se que por meio dessas rodovias verdes animais se deslocavam pelos diferentes territórios trazendo maior variabilidade genética aos seus descendentes, ajudando a manter vivas as florestas e melhorando os indicadores da qualidade ambiente das regiões periféricas a trilha.
A Trilha Transmantiqueira (TMTQ) é umas dessas TLCs que está sendo planejada para ter aproximadamente 1.000 km de extensão, cortando a Serra da Mantiqueira de Oeste para Leste. Cruzará 35 municípios dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, 30 Unidades de Conservação privilegiando as passagens por trilhas já consolidadas e visitando o maior número de atrativos ao longo do seu curso.
A TMTQ está sendo desenvolvida por voluntários em um modelo de desenvolvimento territorial sustentável como estratégia de conservação e ordenado turístico na Mantiqueira, além do desenvolvimento dos indivíduos e das comunidades tradicionais, evitando o esvaziamento das mesmas por falta de oportunidade, emprego e renda. A trilha está sendo planejada para ser o principal aparelho de recreação com grande o potencial turístico e também o mais importante instrumento esportivo de toda Serra da Mantiqueira. Conectar pessoas, desenvolver o território e preservar o meio ambiente fazem parte de um ciclo virtuoso almejado nos resultados da implementação dessa trilha.
A Serra do Lopo em Extrema, por meio de uma ação da Secretaria de Turismo, está em fase de estudo para estruturação do trecho do município que comporá a Trilha Transmantiqueira. Quem desejar participar como voluntario deste projeto pode entrar em contato com a Secretaria de Turismo pelo e-mail: planejamentotur@extrema.mg.gov.br