Ações da Secretaria de Estado de Educação trouxeram 114 mil novos estudantes para a rede pública estadual.
Trazer o jovem de volta à escola e garantir a sua permanência no ensino médio são grandes desafios da Educação em Minas Gerais. Essa realidade fez com que a Secretaria de Estado de Educação (SEE) iniciasse uma série de ações em 2015. O objetivo: trazer o jovem que está fora da escola de volta aos estudos e a ele conceder alternativas para a sua permanência na escola.
Tais iniciativas, inclusive, vem dando resultado. Isto porque, desde a implantação, já foram registradas 114 mil novas matrículas no Ensino Médio e na Educação de Jovens e Adultos (EJA), sendo 47.500 estudantes no ensino regular (1º ao 3º anos).
Virada da Educação
A estratégia Virada da Educação de Minas Gerais (VEM), por exemplo, surgiu com a proposta de construir, em movimento contínuo e com a participação da população, uma escola que dialogue mais com a juventude. De julho a dezembro de 2015, ‘Rodas de Conversa’ mobilizaram jovens e educadores nos 17 territórios de desenvolvimento de Minas Gerais. Nestes eventos, que registraram a participação de mais de 4.500 pessoas, todos puderam falar sobre a escola que tem e a escola que gostariam de ter.
Outro ponto alto da Virada ocorreu em 19 de setembro, data de aniversário do educador Paulo Freire. Na ocasião, todas as escolas da rede estadual promoveram diversas atividades, entre debates, exibições de filmes, curtas-metragens e apresentações artísticas e culturais, de dança, teatro, música e canto.
Para a secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, o incentivo à participação do jovem na escola é um dos elementos para trazê-lo de volta aos estudos. “Nas nossas iniciativas de diálogo, percebemos que o abandono dos estudos pelo jovem envolve questões de fora e de dentro da escola. Temos questões como necessidade de inserção precoce no mundo do trabalho, gravidez na adolescência, muitas vezes necessidade de mudanças da família, que migra que um lugar para outro, o que faz com que o estudante tenha que mudar de escola, bem como questões internas à escola, que está ligada a uma pouca contextualização do currículo escolar e uma questão muito apontada pelo jovem que é a pouca possibilidade de espaços de participação”, argumenta a secretária.
Macaé observa, também, a importância de se inserir os estudantes no processo. “O que a gente percebe é que, muitas vezes, o estudante não é considerado no momento de fazer uma gestão compartilhada do currículo escolar e isso gera desinteresse. Então, depois da Virada, vimos experiências positivas na nossa rede, onde os estudantes tem contribuído no planejamento do seu processo educativo. Acho que, hoje, um diálogo entre educadores, estudantes e famílias é muito importante. Eu costumo dizer que quando estes três atores não dialogam outros atores externos que vão atrás desses jovens. Então é preciso que a escola se converta neste lugar de acolhimento”, completa.
A estudante Ana Lídia, 16, acredita que a escola pode ser um local que reúna aprendizado e cidadania. “A escola tem que ser atrativa. Por que não podemos estudar assuntos relacionados ao cotidiano? Exercer cidadania? Trabalhar temas relacionados aos direitos humanos? Não podemos ficar restritos apenas às aulas de português, matemática, química e física”, questiona a aluna do 2° ano do ensino médio da Escola Estadual Joaquim Delgado de Faria, em Lima Duarte, no Território Mata. “As rodas de conversa são importantes para que os estudantes tenham voz dentro da escola. São momentos de aprendizado”, acrescenta.
A próxima edição da Virada da Educação de Minas GErais está marcada para o dia 17 de setembro deste ano. Entre os parceiros da VEM estão o Programa Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Fórum da Juventude da Grande Belo Horizonte, Oficina de Imagens, Internet sem Fronteiras, Associação Imagem Comunitária e a Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte. Outras informações: www.educacao.mg.gov.br
Avanço permanente
Novas estratégias também estão em fase de implementação, seguindo a proposta de atender as juventudes mineiras. Destaque, por exemplo, para as ações de Educação Integral. Por meio dessa estratégia, tem sido possível estender o aprendizado para além da carga horária de quatro horas diárias. Desse modo, o estudante recebe reforço escolar e formação em diversas áreas, da arte e cultura à cidadania, passando por esporte, informática, dentre outros. Atualmente, são 2.076 escolas estaduais com pleno desenvolvimento dessas ações, com atendimento a 141.260 pessoas. Em 2015, cerca de 130 mil alunos estiveram envolvidos com a educação integral.
Neste ano de 2016, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) e o Ensino Médio Noturno foram repensados para quem trabalha em jornada integral, agora com as aulas das 19h às 22h15. Outro detalhe que deixou o curso mais interessante é a inclusão da disciplina “Diversidade, Inclusão e Mundo do Trabalho (DIM)”. A matéria discute com os estudantes projetos de trabalho que lhes permitem enfrentar problemas de seu território e da vida, compreendendo fenômenos e podendo intervir na sociedade de forma solidária e participativa.
Soma-se às novidades no trabalho da SEE o investimento na função dos Centros Estaduais de Educação Continuada (CESECs). Antes, eles respondiam apenas por certificação de estudante. Atualmente, funciona como espaço de inclusão e qualificação para os jovens. Além disso, os CESECs também assumiram a missão de, a partir do primeiro semestre deste ano, promover cursos preparatórios para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) abertos a toda a comunidade.
Na sequência das ações, cabe ressaltar, ainda, o Programa Escola Aberta, iniciativa que proporciona formação integral ao jovem e aproxima a comunidade do ambiente escolar. Implantado em regiões de vulnerabilidade social, o Escola Aberta oferece programação aos finais de semana voltada para as artes, atividades educativas, culturais, esportivas, formação inicial para o trabalho e geração de renda aos estudantes e à população do entorno. Para tanto, a SEE liberou R$ 7 milhões em recursos no primeiro semestre, beneficiando 1.632 escolas estaduais nas 47 Superintendências Regionais de Ensino (SREs) do Estado.