Homens cujas mães foram expostas a situações estressantes durante as primeiras 18 semanas de gravidez podem ter contagens de espermatozoides reduzidas quando se tornam adultos, foi o que apontou o estudo Western Australia’s Raine, publicado nesta quinta-feira (30) no jornal Human Reproduction. De acordo com os pesquisadores, essa ligação ocorre porque é exatamente nos primeiros meses de gestação que os órgãos reprodutivos masculinos estão em seu estágio mais vulnerável de desenvolvimento, o que pode levar a um problema de fertilidade, por exemplo.
Como o estudo foi feito
Quase 3 mil mulheres em sua 18ª semana de gravidez participaram da pesquisa no período entre maio de 1989 e novembro de 1991. Elas responderam alguns questionários que duraram até o oitavo mês de gestação, com perguntas sobre situações da vida que foram estressantes durante os quatro primeiros meses da gravidez;
Esses eventos incluíam a morte de um parente próximo ou amigo, separação ou divórcio ou problemas conjugais e com filhos, perda involuntária de emprego da mãe ou do parceiro, problemas financeiros, preocupações com a gravidez, ou outros problemas;
Do total de 2.868 crianças que nasceram, 1.454 eram meninos, que foram acompanhados ao longo dos anos pesquisadores. Quando chegaram aos 20 anos de idade, 643 homens aceitaram passar por um exame de ultrassonografia testicular e forneceram amostras de sêmen e sangue para análise;
Cerca de 63% dos homens que toparam fazer os testes eram filhos das mulheres que afirmaram terem passado por alguma situação estressante no início da gestação. Desse montante, aqueles que sofreram com três ou mais momentos ruins no início da gravidez tiveram redução média de 36% no número de espermatozoides ejaculados, queda de 12% na motilidade dos espermatozoides (capacidade de se locomoverem) e diminuição de 11% nos níveis de testosterona na comparação com aqueles expostos a nenhum tipo de evento estressante;
Os pesquisadores levaram em conta fatores que poderiam afetar os resultados, como o índice de massa corporal das mães, o status socioeconômico e se as mães deram à luz anteriormente.
Ao longo do artigo, os pesquisadores afirmaram que o estudo poderia fornecer informações importantes sobre o declínio da contagem total de espermatozoides em homens ocidentais, quando se descarta questões genéticas e espermatogênicas diretas. “Nossas descobertas sugerem que um melhor apoio para as mulheres, tanto antes como durante a gravidez, mas particularmente ao longo do primeiro trimestre, pode melhorar a saúde reprodutiva de seus filhos. Os homens também devem estar cientes de que sua saúde geral também está relacionada à saúde testicular, por isso, devem tentar ser o mais saudável possível para garantir que não só tenham a melhor chance de manter a fertilidade, como permaneçam fortes na vida adulta”, afirmou o professor Roger Hart, autor sênior do estudo.
Fonte: UOL