Febre Reumática – O reumatismo segue fazendo suas vítimas

A febre reumática, conhecida popularmente como reumatismo no sangue, é uma complicação que surge após um quadro de amigdalite/faringite ou de pele, causada pela bactéria Streptococcus.

Cerca de 20 milhões de pessoas sofram de febre reumática no mundo, sendo a maior parte delas residentes em regiões subdesenvolvidas, e é a principal causa de morte de origem cardíaca na população jovem (menos de 50 anos). Atinge principalmente a população jovem entre 5 e a5 anos e é pouco comum em adultos.

A história acontece da seguinte maneira: uma pessoa jovem adquire uma faringite ou amigdalite comum, daquelas com febre, dor de garganta e pus nas amígdalas. Este paciente acaba por não procurar atendimento médico e não recebe o tratamento com antibióticos como seria suposto.

Com o passar dos dias o seu organismo acaba por controlar a infecção porém, a bactéria Streptococcus pyogenes possui uma proteína muito semelhante à existente em alguns tecidos do nosso corpo como válvulas cardíacas, articulações, sistema nervoso e pele. Ocorre então que, ao tentar controlar a infecção, o nosso organismo pode acabar produzindo anticorpos contra essa proteína que, além de atacar a bactéria, acaba também por atacar indevidamente todos esses outros tecidos levando a sua destruição, sendo a maior consequência delas a destruição das válvulas do coração.

Atenção: Nem toda faringite não tratada apresentará a febre reumática como complicação. Além da bactéria específica, parece também ser necessária uma predisposição genética dos pacientes para se desenvolver febre reumática.

O tratamento da febre reumática se baseia primordialmente na sua prevenção. O tratamento das faringites/amigdalites bacterianas com antibiótico praticamente elimina o risco do aparecimento da doença.

Tratar as sequelas é sempre complicado e muitas vezes pode levar a troca das válvulas do coração.

A prevenção secundária é aquela que fazemos nos pacientes já tiveram um episódio de febre reumática. Como o risco de um segundo quadro é muito alto, indica-se a o uso prolongado de antibióticos. Nos pacientes que apresentam sequelas cardíacas, com lesão valvular, a profilaxia está indicada até os 40 anos de idade.

Apesar de todo avanço na medicina, esta doença que gera sequelas enormes ainda prevalece e reflete a grande falha que existe no mundo quanto ao cuidado primário. Lidar com as consequências de uma amigdalite/faringite pode ser desastroso e ter um impacto enorme na qualidade de vida.

Dr Thyago Furquim

Cardiologia

CRMMG – 66289

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