No próximo dia 23 de junho, à partir das 21h no Palco Joia Rara, Angelo Mundy estará em Joanópolis na Festa de São João para o show de lançamento do CD ‘Abrigação’.
Além do álbum ‘Abrigação’, o projeto abarca 11 obras visuais, um show musical entremeado por estímulos cênico-visuais e 11 vídeo-canções.
Quando Angelo Mundy decidiu que era hora de registrar suas composições em um disco, ele sabia desde o princípio que esse primeiro álbum seria marcado pela coletividade; visualizou um processo costurado a várias mãos e que “abrigasse”, antes de tudo, outras artes, amigos e paixões.
Em entrevista ao Jornal O Registro, Angelo falou sobre o projeto do seu CD, O porquê do nome ‘Abrigação’, quando surgiu a ideia do lançamento do CD, suas expectativas e deixou uma mensagem para o público. Confira.
ORSM – Fale um pouco sobre o projeto do seu CD. Porque o nome “Abrigação”?
Angelo Mundy – Aprendi a palavra dentro de um contexto ligado à coletividade e ao estudo da cultura de matriz africana – mais especificamente a Bantu: o grupo Nzinga de Capoeira Angola. Nesse contexto, ela tem um universo próprio de significados. Me apaixonei por ela e, como sou muito ligado às palavras, comecei a estudá-la, a brincar de achar outras significações possíveis.
Ao mesmo tempo, antes de começar a gravar o disco, já tinha uma ideia geral de como queria que fosse o processo de criação. Vislumbrei uma troca intensa, cheia de novas conexões artísticas e fortalecimento de laços de amizade que já existiam. A palavra não é título nem está em nenhuma das canções, porque ela apareceu em minha vida depois de prontas todas as canções escolhidas. Mas, depois de iniciada a gravação, ela caía como uma luva para dar nome àquilo que já tinha começado a acontecer. Então o corpo passou a pertencer ao nome.
O título do disco é uma reverência a uma abrigação maior, que tem a ver com algo mais invisível, difícil de ser expresso em palavras, e ao mesmo tempo bastante sensível: a conexão entre todas as pessoas, entre todas as coisas. Foi com esse intenso sentimento que visualizei uma produção coletiva, com criadores de diferentes linguagens e técnicas. Me entusiasmava a possibilidade compartilhar pesquisas, ideias e linguagens, usando a gravação e a divulgação de um trabalho musical como ponto de partida para tecer uma rede artística.
Além disso, a minha trajetória passa pela música, pela poesia, pelo teatro e pela educação. Sempre fui marcado pela possibilidade de integraar as linguagens. Percebi que, em muitos momentos, essa expressão diversificada pode enriquecer a comunicação com o interlocutor, pois a mensagem da canção lhe chega também através de outros meios de percepção.
ORSM - Quando surgiu a ideia de fazer o lançamento do Cd, na festa de São João em joanópolis.
Angelo – Adoro festas juninas. E acho o mês de Junho especialmente mágico. O céu fica mais azul… É tempo de colheitas, é tempo de música, de abundância, de encontros amorosos, de fogo… Tempo de muitas coisas boas. Tenho alguns bons amigos vivendo na roça, em Joanópolis. Se mudaram da vida acelerada de São Paulo para encontrar um ritmo e um estilo de vida mais conectado com a natureza.
O meu disco dialoga com esses dois universos: a cidade grande, a influência que ela exerce sobre nós (principalmente, mas não apenas, sobre os que vivem aqui), incluindo o individualismo, a dureza nas relações, os sons distorcidos, mais agressivos; e, ao mesmo tempo, a natureza, o chão, o céu, o corpo, a cultura popular, a vida em comunidades, as alegrias simples, a reverência a conhecimentos e expressões ancestrais.
A ideia de lançar o show em Joanópolis surgiu por tudo isso e porque eu já tinha essas amizades vivendo na região. Com o apoio do edital PROAC, pudemos preparar uma pequena circulação de lançamento do disco que incluía a cidade. Por sincronicidade e também por esforço da equipe, deu tempo de montar tudo a tempo de estrear em Joanópolis!
ORSM - Qual sua expectativa para o lançamento do Cd.
Angelo – Todo artista quer se comunicar com um público. Então espero que o show consiga expressar a riqueza dessa grande troca que foi o projeto, e que as pessoas o acolham!
Sobre o projeto, ficaria feliz se as pessoas encontrassem um tempo para saborear as canções, os arranjos, que prestassem atenção nas sutilezas das letras. Isso pode ser encontrado no disco físico, que estará à venda após o show, ou no site (www.abrigacao.com.br). Espero que apreciem as obras visuais e os vídeos do projeto, e que consigam visualizar a interligação entre todos os frutos desse processo criativo.
ORSM - Deixe uma mensagem para o público.
Angelo – É uma grande satisfação levar este show para o Festival Junino de Joanópolis. Parabéns pelo aniversário da cidade! Nos vemos lá!