Os professores vão decidir qual a melhor forma de abordar o assunto. A medida, que vale para todo o país, também cria a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher, que deve acontecer todo ano, sempre em março
As escolas brasileiras começaram a cumprir uma lei federal e incluíram nos currículos da Educação Básica aulas de prevenção da violência contra a mulher.
A estudante Camile Azevedo tem 17 anos, mas já está atenta aos comportamentos que podem levar à violência contra a mulher.
“Se a gente estiver num grupo de amigos e vir alguma amiga ou algum amigo, que é mais comum, falando algo que a gente vê que vai gerar um comportamento mais agressivo contra uma mulher no futuro, a gente chama a atenção, comenta que aquilo não é legal”, destacou.
Até agosto, a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos recebeu 46 mil denúncias de violência doméstica e familiar contra a mulher. E, para que os jovens ajudem a mudar esse comportamento, essa luta ganhou mais um aliado.
A lei traz para a sala de aula novidades no currículo da Educação Básica: um conteúdo sobre a prevenção e o combate à violência contra a mulher. Os professores vão decidir qual a melhor forma de abordar o assunto, em palestra ou atividades escolares, de acordo com a faixa etária ou mesmo dentro de outras matérias.
A lei, que vale para todo o país, também cria a Semana Escolar de Combate à Violência contra a Mulher, que deve acontecer todo ano, sempre em março.
A medida está entrando em vigor no mesmo em ano em que a Lei Maria da Penha completa 15 anos.
“Eu diria que ela vai ensinar que, quando uma mulher diz ‘não’, é não; que mulher não é mercadoria; que mulher tem que ser respeitada. Eu acho que essa mudança de cultura só pode vir através da educação, daí pensar nisso ser propagado nas escolas. Então, não é diminuir feminicídio no ano tal, nem no mês tal. É diminuir sempre”, afirmou o autor do projeto Plínio Valério, senador do PSDB/AM.
Um trabalho que já começou em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Os estudantes participam de um concurso de redação sobre o assunto. A ideia é discutir o tema, que, muitas vezes, é tabu entre os jovens.
“A partir de uma produção textual, a gente faz rodas de conversa, debate e pensa em outras estratégias também para que esse tema fique presente, e a gente possa pensar quais intervenções possam romper com ciclos de violência ou, principalmente, evitar que eles se estabeleçam”, explicou Daniela Tifany, subsecretária de Prevenção e Segurança da Secretaria de Defesa Social de Contagem.
A delegada Polyana Aguiar, que lida diariamente com o assunto, também defende que o principal caminho para mudar esse cenário é a educação.
“Explicar sobre as medidas protetivas, explicar sobre os crimes. Crime de natureza psicológica, crime de natureza sexual, de natureza patrimonial… E aí tanto as meninas quanto os meninos, conhecendo os direitos e deveres de cada um, vão poder, primeiro, se portar de outra forma nos relacionamentos, e serem multiplicadores desse conhecimento. A gente só vai atacar a causa da violência contra a mulher se a gente entrar nas escolas e a gente desconstruir todo esse machismo que está tão enraizado na nossa sociedade e que contamina as nossas crianças e os nossos adolescentes”, definiu Polyana, da delegacia especializada em Atendimento à Mulher.
Fonte: G1