Um dos projetos do Instituto é o Semeando Água, que atua pela conservação de recursos hídricos de um dos maiores sistemas de abastecimento de água do mundo
O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas, organização brasileira que trabalha há 30 anos pela conservação da biodiversidade do País, está presente na COP26, Conferência das Partes, que começou dia 31 de outubro, em Glasgow, na Escócia. Junto ao grupo do Brasil Climate Action Hub, o Instituto vai acompanhar o desenrolar das negociações do encontro da ONU que precisa definir acordos em torno de objetivos importantes para evitar o aumento da temperatura global acima dos 1,5 graus Celsius, e conservar e proteger habitats e comunidades, e também o financiamento para estabilizar a temperatura e apoiar adaptações climáticas.
Com a missão de conservar a biodiversidade, os projetos do IPÊ buscam também responder a este que é o maior desafio da humanidade, a crise climática. Utilizando as Soluções Baseadas na Natureza no desenvolvimento dos trabalhos para conservação da água, floresta e apoio à sociedade, os resultados dos projetos contribuem não apenas para a redução das emissões de CO2, mas como ferramenta de adaptação aos impactos que já alcançam os biomas, a biodiversidade e seus habitantes.
“Com certeza a emergência climática é um dos maiores desafios que estamos enfrentando. Ao levar soluções práticas e aplicáveis pela conservação da água – ativo fundamental, porém bastante negligenciado atualmente – estamos contribuindo para desacelerar o processo de aquecimento e levando oportunidades socioeconômicas às comunidades para enfrentar essas mudanças do clima que afetam especialmente a vida dos mais vulneráveis”, comenta Eduardo Ditt, diretor executivo do IPÊ, que representa o IPÊ na COP26.
Um dos projetos que atua para a redução do impacto das mudanças climáticas é o Semeando Água, patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental. O projeto atua diretamente com um dos temas mais sensíveis diante da crise climática, que é o abastecimento de água, buscando a conservação de áreas que influenciam o Sistema Cantareira, um dos maiores sistemas de abastecimento do mundo. Só na região metropolitana de São Paulo, fornece água para 7,6 milhões de pessoas.
As ações do projeto contribuem para frear a degradação ambiental na Mata Atlântica, recuperar seus mananciais, conservar a fauna e flora e promover a segurança hídrica a todos que dependem dele. Isso inclui produtores rurais e populações de oito municípios que abrangem o sistema: Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis, Bragança Paulista, Mairiporã (em São Paulo) e Camanducaia, Extrema e Itapeva (em Minas Gerais).
O Instituto é responsável pelo maior mapeamento da situação socioambiental do sistema e aponta para o deficit de 35 milhões de árvores em Áreas de Proteção Permanente (APPs) do Cantareira. Por isso, atua intensamente com restauração florestal e compartilha práticas agrícolas e pecuárias sustentáveis com os produtores, para melhor uso do solo e adaptação às mudanças do clima. Além disso, alcançam centenas de estudantes com educação ambiental de forma gratuita e realizam ações de articulação entre os setores públicos, privados e de terceiro setor para desenvolver projetos para desenvolvimento da região de maneira sustentável. Hoje, por exemplo, por causa do projeto, 15 propriedades na região possuem modelos de uso do solo mais sustentáveis, que beneficiam a produção e a conservação de nascentes.
“Fundamentar as ações de conservação da água na pesquisa, promover o diálogo propositivo com os produtores rurais rumo à economia verde e construir um Plano de Ação intersetorial para promover estratégias alinhadas no território são o caminho para tratar o Sistema Cantareira de abastecimento com suas peculiaridades e promover sua resiliência frente às mudanças do clima. As ações de restauração florestal, as atividades que unem a produção agrícola ao melhor uso do solo, nossas atividades de educação ambiental e de comunicação correspondem às metas do plano nacional para a mudança climática. Esperamos agora que as negociações avancem ainda mais no sentido de ampliar ferramentas de ação para essa transformação necessária”, comenta Simone Tenório, coordenadora de Políticas Públicas e Desenvolvimento Econômico Territorial do projeto, outra representante do IPÊ na COP26.
Resultados gerais do projeto Semeando Água (desde 2013)
Restauração de 30 hectares de Mata Atlântica;
+ de 50 mil árvores de Mata Atlântica plantadas;
Conversão de 70 hectares de sistemas de produção convencionais em sistemas produtivos sustentáveis (pastagem ecológica, agrofloresta e silvicultura);
+ de 20 mil pessoas impactadas pelo projeto nas redes sociais;
+ de 7.300 pessoas beneficiadas com atividades online campanhas durante a pandemia, em 2020;
15 Unidades Demonstrativas com modelos de uso do solo mais sustentáveis: Sistemas Agroflorestais, Manejo de Pastagem Ecológica, Fruticultura, Silvicultura de nativas e restauração florestal;
+ de 200 produtores rurais e técnicos capacitados em 8 municípios do Sistema Cantareira, sendo Bragança Paulista, Joanópolis, Mairiporã, Nazaré Paulista e Piracaia, em São Paulo, e Camanducaia, Extrema e Itapeva, em Minas Gerais;
+ de 23 mil crianças das escolas da região impactadas;
O IPÊ faz parte do Observatório do Clima e vai atualizar os seus seguidores sobre a COP26, no Instagram @institutoipe
Fonte: Instituto IPÊ