Nesta segunda-feira, dia 20 de junho aconteceu no Clube Literário e Recreativo de Extrema (CLRE), por meio da Secretária de Saúde, através do Programa Saúde da Família, Vigilância e Saúde e CTA de Extrema uma ação de prevenção as hepatites virais. A ação foi voltada aos salões de beleza, manicures, pedicures, cabelereiros e tatuadores, e profissionais informais que receberam diversas informações de prevenção sobre a doença.

O objetivo principal do encontro era o de alertar sobre a importância de prevenir as hepatites virais. O evento pautou-se em ações de orientações com infectologista, de como se proteger da doença e orientações e adoção de normas de procedimentos seguros e adequados a manutenção da saúde dos pacientes e dos profissionais em questão e os cuidados que podem ser tomados para evitar a transmissão do vírus nesses estabelecimentos.

O evento foi idealizado por Leandro Cardoso que além de enfermeiro chefe do PSF Centro I, é também o coordenador de ações voltadas ao programa da saúde da família nas ESFs do município.

O encontro reuniu diversos profissionais formais e informais que atuam na área de cuidados com a beleza. No dia, as equipes de Saúde da Família realizaram os testes rápidos para diagnóstico das Hepatites B e C e HIV e ofertaram a vacina contra Hepatite B e antitetânica, cabe ressaltar que a proteção da vacina contra hepatite é muito eficaz com aumento do número de doses aplicadas, e administração da vacina contra a Hepatite B que antes era até 29 anos, e a partir de 2013 foi ampliada para 49 anos.

A equipe do jornal O Registro esteve no evento e falou com os organizadores e coordenadores que atuam na área de saúde do município.

Ana Lúcia Olivotti, coordenadora do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) falou sobre a importância desta ação. Segundo a coordenadora, o número de hepatite está crescendo muito e não há como confirmar se a transmissão está ocorrendo em salões de beleza, consultórios dentários ou em outros locais. Visto que no passado não existia autoclave, não se esterilizavam os instrumentos.

“Hoje em entrevista com pacientes, na ficha de modificação, vemos que não foi em dentista, ou cirurgia, ou transfusão de sangue, então fica a interrogação de como estão contraindo essa doença”, comentou.

Para a coordenado do CTA, a parceria entre a saúde com as manicures é para dar um apoio maior para que cada mulher ou homem usem seu próprio kit de manicure. Assim cada um poderá fazer sua própria prevenção. Essa é a maneira de diminuir este número de contagio.

De acordo com Ana Lúcia, hoje em dia um portador de HIV ou hepatite não tem cara, você não sabe quem pode transmitir ou não, por isso a importância da prevenção.

A Hepatite C, tem tratamento, porém o processo para receber o medicamento é muito burocrático. Quando enviado o processo para análise em Belo Horizonte, muitas vezes o processo volta para ser refeito, pois o departamento de saúde não aceita. Por vezes o processo volta umas quatro, cinco vezes para ser refeito e o medicamento vem tardiamente para este paciente.

Conforme explicado pela coordenadora, hoje o município possui 26 casos de hepatite C, e desde novembro apenas 3 estão em tratamento, os demais estão em espera por conta do processo que vai para BH. E isso não depende apenas do município, depende do Estado e do Ministério da Saúde. Por isso a importância da prevenção.

“Mulher se proteja, se previna”, finalizou Ana Lúcia Olivotti.

O Secretário de Saúde Mauro Rossi enfatizou a importância do evento, não só por parte da vigilância de saúde, mas também para a instrução destes profissionais. Segundo o secretário muitas vezes esses profissionais agem de forma incorreta por falta de conhecimento e esta ação irá qualificar, alertar e conscientizar a forma correta do descarte deste material.

Neste evento, a secretaria de saúde disponibilizou aos profissionais caixas de descarpack, para o descarte correto do material e o mesmo será recolhido pela secretaria, que encaminhará os resíduos para o local correto de descarte.

Fabíola Simplício, coordenadora do Programa Saúde da Família falou sobre a importância da ação para a saúde pública do município.

De acordo com a coordenadora, muitos dos profissionais que atuam nesta área vem de uma cultura familiar neste ofício. E muitas vezes é exercida sem um curso, ou um curso muito simples e muitas vezes não tem a noção de infecções que pode pegar ou transmitir.

Por isso o chamado para essa ação não foi apenas para os salões de belezas formais, que são avaliados ou inspecionados pela vigilância, e sim para todos os trabalhadores, inclusive os que atendem em quintais ou nas casas dos clientes.

Segundo Fabíola a preocupação é essa disseminação de forma indiscriminada, sem orientação, o instrumental sendo higienizado de forma incorreta, o que pode trazer de prejuízo para o profissional e como ele pode estar transmitindo essa doença e como isso vira uma cadeia de transmissão.

“A orientação é que estes profissionais se testem o mais rápido possível, para um diagnóstico rápido e que eles providenciem todo material e todo equipamento necessário, como diluentes, detergentes para a higienização correta dos instrumentais que usam e fazer o descarte correto”, salientou a coordenadora do PSF.

Fabíola enfatizou que a parceria da secretária de saúde é como um todo, tanto na parte do diagnóstico, como na prevenção, para uma interrupção da disseminação da doença e também o custeio para o descarte correto do lixo.

Conforme contou, em um estudo realizado, o que chamou a atenção da enfermeira que atendia pacientes que buscavam o teste, foi que uma em cada dez profissionais que testou estava contaminada. Um número impactante na saúde pública, pois é uma doença silenciosa, sem sintomas e que em 20 anos haverá um acometimento hepático imenso.

Em questão de recursos de saúde pública será maior, além da necessidade de uma infraestrutura maior para tratar estes pacientes. Por isso a preocupação com a atenção básica de saúde, para diagnosticar todos e tentar disseminar a informação.

“Realmente é uma preocupação de saúde pública. É mais fácil fazer essa prevenção, do que tratar a doença”, finalizou Fabíola Simplício.

Ao término do evento, os participantes receberam Certificado de Participação.