Idosos e grupos considerados minoritários são os mais atingidos, principalmente durante a pandemia do novo coronavírus
Neste 1 de setembro, começou o mês mundial de prevenção ao suicídio, campanha mais conhecida como “Setembro Amarelo”. A ideia é conscientizar as pessoas sobre o assunto e entender as questões que geram sofrimento e doenças mentais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa comete suicídio a cada quatro segundos no mundo. Isso corresponde a 800 mil mortes por ano.
O Brasil está em 8º lugar entre os países do mundo com mais casos de suicídios. Para a OMS, 90% deles poderiam ter sido evitados.
Pandemia do coronavírus
A campanha deste ano leva em consideração também a pandemia do novo coronavírus. Segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tanto a quarentena quanto o medo de uma nova enfermidade impactam diretamente na saúde mental das pessoas. Então como falar sobre prevenção do suicídio agora?
Essa foi uma das preocupações do CVV (Centro de Valorização da Vida) para lançar a campanha “setembro amarelo” deste ano. A associação civil sem fins lucrativos, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, decidiu destacar a importância do autocuidado e da empatia.
A campanha foi reforçada no vídeo “Pessoas precisam de pessoas”, publicado no canal do CVV no YouTube na sexta-feira, 28. Além disso, de abril até junho, a CVV aumentou sua equipe em 10%.
Como perceber comportamentos suicidas?
Por muitos anos, falar sobre suicídio foi um tabu. Mas a abordagem do problema está mudando. “O silêncio é o que mata”, afirma a psiquiatra e psicoterapeuta Stella Mara Suman Piasentim. “É importante reconhecer quando a pessoa precisa de ajuda”.
Ela diz que o suicídio surge como uma (falsa) solução asfixiante de viver. Mas antes disso, explica, existe a “ideia suicida”. E este ponto é o que mais requer atenção.
“Cada um tem um jeito de sofrer, pois é difícil prever quem vai tentar suicídio, como ou em que momento, mas existem algumas recorrências: 90% sofriam de problemas mentais; 50% já haviam tentado tirar a vida em algum momento; muitos tinham parentes em primeiro grau que se suicidaram. São pontos relevantes, mas basta estar vivo para ser um fator de risco”, diz Piasentim.
Como ajudar? “Precisamos escutar, deixar a pessoa falar com calma, sem julgar. Se interessar pelo impacto que está acontecendo com essa pessoa e ter empatia. Isso vai fazer ela gastar os sentimentos. Depois disso, levá-la até um profissional”, explica Piasentim.
As pessoas também devem evitar algumas abordagens. “Não fale que a vida vale a pena, que a vida é bonita, que há sentido em tudo ou que a pessoa não tem fé. Isso não vai ajudar. Não estimule a se distrair ou ocupar a cabeça. Isso acaba inviabilizando o sofrimento”, diz ela. “Cada um sofre de um jeito, então é a própria pessoa que tem que reconhecer o que ela está falando e que tem que buscar suas próprias vias para resolver. Apenas escute”.
Onde procurar ajuda?
Os três profissionais entrevistados por CartaCapital dizem que escutar é o principal método de ajuda para uma pessoa que passa por um pensamento suicida. Contudo, o auxílio profissional nunca pode ser deixado de lado.
Fonte: Carta Capital