2 de abril: Dia Mundial de Conscientização do Autismo

Alguns pontos primordiais para uma sociedade mais inclusiva é se desfazer do preconceito é, sem dúvidas, para todos os profissionais multidisciplinares, famílias, ativistas e pessoas autistas, a conscientização.

Jamila é de Camanducaia, criadora da página Maternidade Autista, graduanda em Neuropsicopedagogia e Educação Especial e Inclusiva, e mãe da Manuella e do Matheus, um garotinho Autista e comentou um pouco sobre o assunto.

“Agradeço à equipe do Jornal Registro pelo acolhimento à inclusão e por possibilitar esse espaço para a conscientização. É preciso conhecer para incluir, é preciso falar muito sobre Autismo, pois quando você conhece e ajuda as peças se encaixam”, comenta.

Autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um transtorno no neurodesenvolvimento que afeta principalmente a comunicação e a interação social. Nos primeiros anos de vida já é possível se observar alguns comportamentos atípicos da criança com TEA.

De acordo com dados divulgados por pesquisa, a cada 54 pessoas, uma é diagnosticada com Autismo. Estima-se que no Brasil haja mais ou menos 2 milhões de pessoas Autistas.

O dia 2 de abril, lembrado como o Dia Mundial da Conscientização sobre Autismo, foi criado pela Organização das Nações Unidas em 18 de dezembro de 2007, com o intuito de chamar a atenção da sociedade e dos governantes sobre a importância de se olhar para essas pessoas e suas famílias com tratamento adequado.

Nesta data, a cor azul iluminando muitos monumentos históricos em todo o mundo representa a conscientização do Autismo. A cor azul foi escolhida devido à incidência ser mais em meninos: há pesquisas que estimam que seja um diagnostico para menina a cada quatro em meninos.

A peça de quebra-cabeça representa a complexidade (difícil compreensão) do transtorno do espectro autista, usado pela primeira vez em 1963 e foi popularizado pela Autism Speaks. Na época foi considerado como Complexo, como quebra- cabeça, e que a cura para o autismo é a peça que faltava.

A fita foi adotada em 1999, como sinal universal da consciência do autismo.

As cores diferentes representam a diversidade de pessoas e famílias que convivem com o transtorno. As cores fortes representam a esperança em relação aos tratamentos e conscientização da sociedade em geral.

A conscientização é muito importante, gerando mais empatia ao Autista e seus familiares.

Vistos que o mesmo tem comportamentos atípicos e bem diferentes dos ditos  normais” e esperados pela sociedade.

Algumas das principais características da pessoa autista estão entre elas à rejeição ao toque, ao abraço de pessoas não familiares, estereotipias, ou seja, movimentos repetitivos com as mãos, corpo ou pernas que inclusive podem ser autodestrutivas.

Fixação do olhar em lugares, objetos ou partes do corpo ou brinquedos por muito tempo, concentração total do que está fazendo ao ponto de não responder ao chamado de alguém inclusive pelo seu próprio nome, gira em torno de si mesmo, apego a objetos diferentes entre outras particularidades.

A Pessoa Autista é uma diferente da outra por isso é um espectro não há dois autistas iguais eles se assemelham em algumas características, mas todos possuem infinitas particularidades.

Alguns podem ser verbais, outros apresentam comprometimento na fala funcional, podem ter ecolalia imediata ou tardia e há também o Autista não verbal que utiliza de outros meios para se comunicar.

Apresentam dificuldades em relacionar-se, em discriminar o abstrato, organizar os sentimentos e emoções, apresentam interesse restrito como hiperfoco em algo, rigidez e inflexibilidade, necessitam de constante rotina, rituais para se organizar.

O intuito da página Maternidade Autista é compartilhar com outras famílias que vivem essa mesma realidade que estamos juntos,lutando em prol da inclusão que sonhamos, pelos direitos das pessoas autistas e por mais políticas públicas que acolham essa comunidade com todo o tratamento necessário para o seu desenvolvimento.

O Autismo é um mundo extremamente complexo, silencioso e difícil acesso é preciso muita paciência, persistência e amor e força de vontade para acessar.

Autismo não tem cara, então vamos tomar cuidado ao julgar uma família, uma pessoa em uma fila de espera, por exemplo, pois pode não ser birra ou falta de educação, ás vezes é apenas uma crise sensorial diante de tantos movimentos e barulho.

Matheus tem 07 anos é Autista não verbal, ou seja, não consegue conversar conosco de forma tradicional, ele tem maneiras de compartilhar o mundo com gestos e com inicio de uma fala, eu ouvi Mamãe pela primeira vez no ano passado, imagina foi único eu esperei esses anos todos por isso.

Ele sempre gostou de brincar sozinho, de estar sozinho, nós sempre o respeitamos, mas nunca o deixamos lá sozinho e por isso hoje colhemos o fruto do seu desenvolvimento.

O Diagnóstico precisa ser um ponto de partida, é um momento de reflexão de aceitação na construção de uma nova vida de um passo de cada vez e sem nenhuma expectativa típica a não ser a de que a família será feliz da maneira pela qual ela precisar ser.

Ainda estamos engatinhando quando falamos de inclusão. Compartilhamos as histórias de superação, mas no dia a dia o Autista e seus familiares vivem em um acordar e adormecer em uma extensa e alta montanha russa de sentimentos, emoções, muita terapia e acontecimentos.

É uma luta diária por acessibilidade e respeito… Ás vezes as pessoas me perguntam como você dá conta? Eu penso, não sei o que não é dar conta rs eu tenho que dar conta de alguma maneira e ás vezes não vou alcançar o que espera de mim e ta tudo bem nisso.

Não somos mais especiais por sermos mães de pessoas deficientes, toda mãe é especial e nossos filhos também não são anjos, eles são pessoas comuns que só precisam de vozes para auxiliá-los a viverem de forma mais independente possível.

Meu filho vai tomar sorvete na sorveteria e emitir os sons dele sim, é a realidade dele, ele não está incomodando ninguém e nem tirando o direito do outro só porque ele parece cantar ao saborear o sorvete.

Inclusão é quando eu permito que o outro seja o que ele poder ser, é quando eu crio ferramentas para que ele possa aprender comigo e eu com ele, é quando eu quebro os paradigmas das formas tradicionais de ensinar, e inserir na vida, na escola, na sociedade, nos relacionamentos e no mercado de trabalho.

Sociedade, empresas, e governantes olhem com mais cuidado e empatia para as pessoas deficientes. Abram as portas!  E se surpreendam!

Lugar de Autista ou de qualquer outra pessoa deficiente ou não é onde ela querer estar.

Todos somos bons em algo, e todos temos dificuldades em inúmeras outras tantas coisas.

No Brasil a lacuna a ser preenchida principalmente na inclusão escolar ainda é gigante.

Família vocês são à base de tudo, a inclusão começa dentro de casa, a aceitação é o pontapé inicial para filhos felizes e com oportunidade de desenvolvimento quanto mais cedo à intervenção precoce melhor chance de desenvolvimento.

Nesse mês de Abril poste uma foto sua de camisa azul e compartilhe em suas redes sociais com a #RESPECTRO (Respeito a Todo o Espectro) uma campanha da Revista Autismo.

Estamos vivendo tempos difíceis, mas fé em Deus que isso vai passar!

Juntos vamos vencer o Preconceito e o Covid-19.

 

                                    “Por conhecer suas verdadeiras cores, eu te #RESPECTRO”

(Almeida Thoni)

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