Em todo o mundo, o ensino técnico tem sido preferência para jovens que querem acessar o mercado de trabalho. Na Áustria, 75,3% dos alunos do ensino médio estão matriculados na educação profissional. Na Finlândia, 70% deles têm alguma formação que os torna aptos ao mercado de trabalho. Já Portugal, Espanha e Alemanha o percentual vai de 43% a 48% dos estudantes. No Brasil, a preferência ao ensino técnico, em lugar à formação superior, é um fenômeno recente.
Segundo o estudo “Educação Profissional em Números, do Sistema Indústria”, 9,3% dos estudantes brasileiros do ensino secundário procuram a formação técnica, enquanto 18,1% buscam o ensino superior.
A Coordenadora de Educação do Senai – DF, Valéria Silva, explica que o setor da indústria apresenta uma maior demanda de profissionais técnicos. Para ela, “o profissional técnico é bem inserido no mercado, pois além de possuir uma base teórica e prática, consegue desenvolver todas as competências do dia a dia”. Segundo a coordenadora, a tendência é que o mercado se amplie ainda mais para esse tipo de mão de obra, já que houve um reaquecimento no setor industrial. “O que também é bom para a economia do país, já que no máximo um ano após a conclusão do curso técnico, há um aproveitamento de praticamente 100% dos alunos recém-formados.”
O Deputado Federal pelo Pros do Distrito Federal, Ronaldo Fonseca, que participa das discussões no Congresso, é favorável à ampliação da educação técnica no Brasil. Para ele, o foco voltado apenas ao diploma universitário já dá provas de que não há garantia de emprego. “Hoje nós temos muitos jovens com formação de faculdade, de universidade, com diploma dentro de casa e dormindo até meio-dia porque não tem o que fazer. Ele não tem uma profissão. E nós temos jovens recém-formados a nível técnico, com uma formação a nível técnico, que estão trabalhando e até têm dinheiro para fazer um concurso melhor, um estudo melhor.”
De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial 2017-2020, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), as áreas com mais demanda por formação técnica são: alimentos, metalomecânica, vestuário e calçados, construção, veículos e energia. São áreas que precisam de gente capacitada e possuem diversas vagas abertas, enquanto muitos jovens diplomados continuam desempregados.
Por: Hédio Júnior e Karenina Moss