Roupas esquecidas no guarda-roupa, objetos pelos quais não há mais interesse, livros recostados há anos na estante. Na maioria das vezes, o conjunto de quinquilharia que ocupa espaço no dia a dia termina no lixo, com boa parte de sua vida útil desperdiçada. Poucas pessoas se detêm a analisar os reflexos desta prática, mas eles são graves do ponto de vista econômico, social e ambiental. Afinal, cada um desses produtos exigiu o emprego de recursos naturais e humanos, técnica e tempo. Do ponto de vista material, é dinheiro indo pelo ralo. E se há desperdício, há prejuízos ambientais. Ao passo que o que foi descartado fará falta a alguém.
Em busca de caminhos alternativos às distorções do consumismo, a Secretaria de Políticas para as Mulheres e Promoção dos Direitos Humanos de Pouso Alegre organiza a partir desta quarta (13), as 18 ás 21h, a Feira de Troca Solidária. Toda semana, na Praça João Pinheiro, será possível trocar roupas, objetos, livros e utensílios por cédulas de “Ecosol”. A moeda alternativa permite a compra de outros objetos comercializados da mesma forma na feira.
O resgate do escambo, como é conhecido o comércio por meio da troca sem o envolvimento de dinheiro, pretende incentivar práticas sustentáveis que se contraponham ao consumismo e, ao mesmo tempo, estimular a interação social. “O processo de mercantilização social e cultural, além de ser uma prática insustentável do ponto de vista ambiental, por incentivar o consumismo desenfreado, desumaniza os laços sociais. A troca solidária vai também aproximar as pessoas, permitindo uma interação maior entre elas”, avalia Anete Perrone, chefe da pasta que organiza a feira.
Ecosol
Cada objeto negociado na feira será avaliado. Seu preço será expresso em “Ecosol”, a moeda alternativa criada para mediar as trocas. O nome escolhido para a cédula deriva de Economia Solidária, prática que vem sendo estimulada no município pela Prefeitura. A integração entre escambo e a monetarização chega para facilitar as transações. “A partir da avaliação, o objeto ganha um preço em Ecosol. O dono recebe a quantia correspondente e pode adquirir outro objeto ou aguardar que surja algo do seu interesse. A troca passa a ser indireta, eliminando a dependência exclusiva da conveniência individual do negociador e dispensando a necessidade de haver equivalência entre os produtos que serão trocados”, esclarece Anete.
A feira de trocas é mais uma ação ligada ao “Fortalecimento da Economia Solidária”. O projeto da Prefeitura se integra à ‘Quarta no Parque’, feira de quitutes e artesanato realizada todas as semanas na Praça João Pinheiro. Em 2013, a iniciativa foi inaugurada com o recrutamento de artesãos locais que, desde então, mantêm estandes na feira. “São propostas que apontam alternativas ao modelo econômico tradicional, sugerem caminhos que podem ser mais criativos, humanos e inclusivos. É um estímulo à reflexão que pode contribuir para resgatarmos valores ofuscados pelo avanço do consumismo”, observa o prefeito Agnaldo Perugini.
A feira que terá início em Pouso Alegre tem sua origem em clubes de troca que se disseminaram na década de 1980 na Argentina e Canadá. Tratava-se de uma resposta ao crescente desemprego e à queda da atividade econômica provocada por recessões de mercado naqueles países. Em sua base traz princípios da Economia Solidária: substituir o lucro, a acumulação e a competição pela solidariedade e pela cooperação, valorizar o trabalho, o saber e a criatividade das pessoas em detrimento do dinheiro e sua propriedade. Buscar uma ligação de respeito entre o ser humano e a natureza.
Fonte: ASCOM Prefeitura de Pouso Alegre