Festival de Inverno de Bragança Paulista recebe o espetáculo teatral América Vizinha

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Crédito: Rodolfo Ferronato

 

O livro O Século do Vento, do escritor Eduardo Galeano – falecido no último dia 13 de abril – foi a fonte de inspiração para a primeira montagem do grupo Los Cucarachos. O coletivo foi criado a partir de projeto de pesquisa do Grupo XlX de Teatro. Juliana Sanches dirige a peça que tem 13 atores e um músico em cena. A apresentação integra a programação do Festival de Inverno de Bragança Paulista. Grátis.

 Imagine chegar a um pequeno vilarejo e encontrar Frida Kahlo, Carlos Gardel, Evita Perón,  Pablo Neruda, Violeta Parra e tantas outras figuras emblemáticas da cultura latino-americana, juntas mesmo lugar! É isso que acontece quando o público entra na atmosfera do espetáculo América Vizinha, montagem do núcleo de pesquisa Los Cucarachos, do Grupo XIX de Teatro. O espetáculo tem sessão dia 9 de julho, quinta-feira, às 20h, dentro da programação do Festival de Inverno de Bragança Paulista.

Contemplados com o edital do Proac Primeiras Obras, América Vizinha é resultado de um dos núcleos de pesquisa que o Grupo XIX de Teatro desenvolveu em sua sede na Vila Maria Zélia, Zona Leste de São Paulo, em 2014. Com direção de Juliana Sanches, estão no elenco Amilton de Azevedo, Bruno Piva, Denise Sperandelli, Gabi Costa, Juan Manuel Tellategui, Luisa Dalgalarrondo, Maria Carolina Dressler, Rosana Borges Silva, Tatiana Ribeiro, Thai Leão, Thiago Wieser, Vanessa Candela e Vinicius Brasileiro.

Inspirados pela obra “O Século do Vento” do escritor uruguaio Eduardo Galeano, os 13 atores do grupo permitiram-se navegar pelas histórias latinas do século passado. Afetados pelas histórias e lutas que marcaram tantas vidas e obras, os artistas-criadores se lançaram nessa viagem surreal, procurando chegar mais perto de nossos vizinhos. “É uma busca, um processo de reconhecimento de nossa própria história, no outro, no vizinho aqui do lado, depois do rio, o outro lado da janela”, fala a diretora Juliana Sanches.

Durante o processo de montagem todos puderam criar cenas, que posteriormente foram dimensionadas dramaturgicamente para compor a peça. As histórias foram surgindo mesclando os tempos cronológicos e países, chegando assim num povoado fictício: San Pueblo Exilado. Nele habitam personagens como Frida Kahlo, Che Guevara, Carlos Gardel, Evita Perón, Pagu, Delmira Agustini, Violeta Parra, Pablo Neruda, Alfonsina Storni, José Orozco e tantos outros anônimos e célebres.

“Começamos bem amplamente com o assunto e, quando chegamos no livro de Eduardo Galeano, encontramos um ponto de partida rico, pois trata-se de histórias reais da América Latina do século 20, ficcionadas pelo autor. Partimos daí e criamos nossa própria ficção”, conta a diretora sobre o processo de criação.

Esta cidade inventada é baseada no imaginário criado pelo escritor colombiano Gabriel Gárcia Márquez (1927/2014) em diversos de seus contos e romances. Todos os habitantes parecem se conhecerem, todos comentam a vida alheia e constantemente vivem situações reais que parecem inverossímeis. “Priorizei as figuras icônicas que temos em nossa América, assim como toda a história complexa e sofrida que vivemos até hoje”, completa Juliana.

Os personagens se revelam no decorrer da peça, contando histórias pessoais e reconstruindo fatos históricos pelos quais vivenciaram como guerras, revoluções, prisões, erupções de vulcões, manifestações, festas e cultos religiosos.

Sobre a montagem

A encenação utiliza três recursos cênicos recorrentes: execução ao vivo de músicas da cultura popular latino-americana, reprodução de imagens estáticas que remetem aos murais mexicanos (obras de arte representadas principalmente por Diego Rivera, David Alfaro Siqueiros e José Orozco) e trechos da biografia de Miguel Mármol.

Um personagem-narrador, inspirado no revolucionário salvadorenho narra seus diversos “nascimentos”, isto é, momentos de sua vida em que esteve muito próximo da morte e escapou. Seus relatos entremeiam a peça fazendo com que Miguel Mármol se torne uma metáfora da própria América Latina, por estar sempre ameaçada por um aniquilamento iminente. As narrativas são, por muitas vezes, surreais, assim como a história da América Latina mostra-se, por diversas vezes, pouco crível.

Por meio dessa coleção de histórias, o espetáculo levanta questões acerca das relações políticas e culturais mantidas até hoje: a desapropriação dos territórios indígenas e a desvalorização da sua cultura, o preconceito racial consequente da escravidão, o papel da mulher na história da América Latina e as relações de gênero perpetuadas por um sistema patriarcal, a dominação europeia e norte- americana, questões pós-colonialistas e relações de identidade cultural.

 

Cenário e figurinos

A concepção do cenário partiu da ideia de vizinhança e coloca o público dentro de uma vila. Ao entrar no espaço cênico a plateia vê uma placa escrita “bien vindo a San Pueblo Exilado”. De maneira simbólica, a vila é representada por casas onde vê-se as cortinas com portas e janelas. A configuração dessas casinhas se transforma a cada cena. Em um dado momento, todos estão dentro de suas casas, com as cabeças para fora falando de um caso qualquer, contando novidades cotidianas. Em outro momento, as casinhas se afastam, e o espaço que antes era externo e público se transforma em um bar, ou o que era rua se transforma em um ambiente fechado.

O cenário colorido lembra uma pequena vila, um lugar onde todos os personagens, mesmo que de épocas diferentes, se misturam, se reconhecem, se unem e se alfinetam uns aos outros. Objetos utilizados em cena ficam pendurados em varais misturados a roupas que parecem secar. Explora-se o plano alto por meio de escadas.

O figurino é mais sóbrio e em tons neutros. Saias, com o mesmo estilo, remetem ao popular. Todos usam aventais, uma referência ao trabalho, o artesanal, o braçal. Blusas, camisas e adereços comprados em brechó dão um tom mais colorido e solar em algumas cenas.

 

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Crédito: Rodolfo Ferronatto

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Crédito: Rodolfo Ferronato

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Crédito: Patricia Ribeiro

 

Não Perca!

Local: Centro Cultural Geraldo Pereira – Matadouro – Praça Jacinto Osório, 26. Matadouro – Bragança Paulista. Telefone 11 4034 3337.

Fonte: Assessoria de Imprensa Adriana Balsanelli

 

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