LUIZ FLÁVIO GOMES, jurista e coeditor do portal atualidades do direito.com.br. Estou no facebook.com/professorLFG
A polêmica continua, embora a cada dia mais laudos médicos sinalizem para a hipótese positiva. Se não for contestado nem contrariado fundamentadamente o laudo psicológico do Instituto de Criminalística de SP, assinado por Vera Lúcia Lourenço, foram desumanamente tétricas as circunstâncias das mortes. O tema é muito sério.
Vamos prestar atenção um minuto no que a perita (Estadão7/9/13, p. A35) disse: “ele teve um surto psicótico que foi desencadeado por fatores como superproteção familiar e excesso de jogos violentos; passou a acreditar que era um matador de aluguel, inspirado nesses jogos; aliás, ele dizia isso aos amigos; absoluta fuga da realidade, sem contado social Teria sido criado num ambiente “de banalização da morte” e “sem limites”; ausência total de lei, de limites, de regras de socialização; o pai o ensinou a atirar; a mãe o ensinou a dirigir (tudo isso muito cedo); Marcelo criou um grupo na sua escola chamado “Os mercenários” e convidou seus colegas para matar os pais; confundiu completamente a realidade com a fantasia; ele sofreria de psicose de adolescência (perda de lógica e ideias delirantes) e na hora do crime passava por um estreitamento de consciência; quando caiu na real não suportou a culpa e cometeu suicídio”.
Sintetizando: os pais e avós foram assassinados pelo filho/neto – assim encaminha a conclusão do inquérito -, mas antes os pais teriam matado a criança que havia dentro dele, criando um monstro. Será? Pelos laudos periciais, parece fazer sentido! Se assim foi, há muitas lições que os pais deveriam aprender. Primeira: os seres humanos somos animais (selvagens), porém, domesticados (Nietzsche). Mas quando falta a domesticação, só sobra a selvageria. Será?
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