Pouco conhecido pela população, a doença requer urgência no diagnóstico e no tratamento pois, do contrário, pode trazer danos irreversíveis à visão.
O glaucoma representa um grupo de doenças oculares que afetam o nervo óptico (responsável por levar a imagem captada pelo olho até o córtex cerebral). Até pouco tempo atrás, o aumento da pressão ocular era tido como sinônimo dessa doença, sendo hoje em dia considerado um dos principais fatores de risco para o seu desenvolvimento.
Segundo o oftalmologista e especialista em glaucoma do Centro Oftalmológico de Minas Gerais, Dr. Gustavo Muradas, uma das formas de se classificar o glaucoma é de acordo com a abertura do seio camerular, região responsável por drenar o líquido que preenche o globo ocular. Sendo assim, existem duas variações: glaucoma de ângulo aberto e glaucoma de ângulo fechado. “São doenças completamente diferentes no que se refere ao modo em que se desenvolvem e se manifestam. Enquanto a primeira se apresenta de forma assintomática e lenta, o glaucoma de ângulo fechado é, na maioria das vezes, um quadro agudo e extremamente doloroso, podendo levar à cegueira em poucos dias”, revela. Portanto, de acordo com o médico, é considerado uma urgência oftalmológica.
Os sintomas do glaucoma de ângulo fechado costumam aparecer de forma abrupta: dor ocular, embaçamento visual e olho vermelho. “Estes são os sintomas mais comuns. E o quadro muitas vezes vem acompanhado de vômitos, tamanha a intensidade da dor ocular, podendo irradiar para a cabeça mimetizando um quadro de enxaqueca. Tais alterações são secundárias ao fechamento agudo do seio camerular provocando elevação da pressão intra ocular”, alerta. O especialista reforça que os níveis da pressão ocular dependem de um equilíbrio perfeito entre a produção do chamado humor aquoso e sua drenagem.
Alguns pacientes apresentam risco aumentado de desenvolver essa oclusão: mulheres, pessoas acima dos 70 anos, descendência asiática, grau elevado de hipermetropia e aqueles que ainda não foram submetidos à cirurgia de catarata. Outro fator importante é a história familiar. Algumas situações que predispõem o quadro são: permanência em ambientes escuros (ocasionando na dilatação da pupila), uso de certos medicamentos e posição baixa da cabeça, adotada em leituras longas ou durante o ato de tricotar, por exemplo.
Os pacientes que apresentam predisposição à oclusão do seio camerular devem evitar certos medicamentos. “É preciso ficar atento. Alguns remédios usuais, como certos antigripais contêm anti-histamínicos e substâncias para reduzir a coriza e congestão nasal, podendo desencadear o glaucoma de ângulo fechado”, diz.
É preciso ficar atento aos fatores de risco e aos primeiros sinais da doença para que possa ser feito o diagnóstico adequado e instituição imediata do tratamento. “Esse, se baseia em reduzir a pressão ocular com medicamentos evitando o sofrimento do nervo óptico e possível perda visual. Deve-se ainda realizar tratamento a laser para evitar que a doença se repita, sendo muitas vezes necessário que os cuidados sejam feitos também no olho contralateral”, conclui Dr. Muradas.