Grupo de Teatro Névoa participa da 1ª Mostra Cultural Fratri Alatere

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O Grupo de Teatro Névoa, de Extrema, apresentou nesse final de semana o espetáculo ‘Novas Diretrizes em Tempos de Paz’ em Bragança Paulista, como uma das atrações da 1ª Mostra Cultural da Cia Teatral Fratri Alatere, que também apresentou os espetáculos ‘Vem Buscar-me que Ainda Sou Teu’ e o inédito ‘Judas em um Sábado de Aleluia’. A Mostra além de teatro, apresentações de música, dança e circo no sábado e domingo, 25 e 26 de junho das 10h às 20h, no Teatro e demais dependências da Escola Estadual Mathilde Teixeira de Moraes. ‘Novas Diretrizes em Tempos de Paz’ encerra a programação no domingo, às 18h, em sua primeira apresentação após a estreia em abril, na 2ª Nevoeiro [Mostra de Experimentos Artísticos] no Cine Teatro de Extrema, iniciando a circulação do espetáculo que logo também fará temporada estudantil, ao lado de ‘Esperando Godot’.

‘Novas Diretrizes em Tempos de Paz’ surgiu de uma conversa do ator Dan Stulbach e o dramaturgo Bosco Brasil, logo após os atentados de 11 de setembro. Na época, os teatros se fecharam em sinal de luto e ele, que viria a protagonizar a montagem original, se perguntou qual seria a importância de sua profissão em tempos de guerra. Na adaptação do Grupo de Teatro Névoa, uma atriz polonesa disfarçada como um homem refugiado da Segunda Guerra Mundial tenta conseguir seu visto de entrada no Brasil na Era Vargas e acaba interrogada por um agente alfandegário e ex-torturador da polícia política, gerando um grande embate ideológico que discute a condição humana e os horrores do preconceito político e racial, onde cada oponente procura buscar e negar suas diversas identidades.

É uma história linear: um refugiado da guerra, após perder tudo ainda sofre nas mãos de um tirano. O texto, uma fábula, segue as bases aristotélicas de tempo, lugar e ação – uma marca do autor – e tem seu clímax através da intertextualidade com a dramaturgia espanhola de Calderón de La Barca. Também é metateatral, uma atriz debate com um interrogador a necessidade do teatro, dentro de uma peça de teatro; e, entre o melodrama e o pós-drama, aborda a intenção didática do teatro brechtiano de maneira menos distanciada. Uma fábula que não julga as ações humanas, mas se posiciona contra a violência e na forma como isso modifica o homem em qualquer tempo, seja na guerra, na ditadura, no terrorismo ou nas desigualdades sociais.

No palco, uma cenografia tão enxuta quanto o texto de 20 páginas: um batente e janelas de madeira e vidros quebrados       e uma mesa, duas cadeiras, uma máquina de escrever e um porta-retrato. 18 de abril de 1945: 2 milhões de soldados russos chegam a Berlim dando fim a guerra, lei de anistia aos presos políticos no Brasil. Segismundo (Edson Santana) tem que sair mais cedo para evitar represálias de seus torturados, agora livres. Sra. Clausewitz (Isabella Bottan) desembarca do navio horrorizada com a Guerra, disposta a abraçar uma nova profissão, a de agricultora, e esquecer a carreira de atriz. O choque das lembranças do que espancou sob as ordens do chefe e da que teve familiares e amigos mortos na guerra. A tortura de um com o apito do navio que está para embarcar e o metateatro da outra que, usando o teatro barroco espanhol, leva o torturador e o público, ao choro.

‘Novas Diretrizes em Tempos de Paz’ é um espetáculo em criação coletiva, produzido através dos Módulos de Produção Cênica do Grupo de Teatro Névoa, em parceria com o Projeto Cultural e Social Vida e Arte e apoio da Gerência de Cultura da Prefeitura de Extrema e da Joia Rara Industria e Comércio de Pães. O elenco original trazia Marília Lavorenti como Segismundo, e agora tem Christian Lavorenti de stand-in. Na equipe técnica Eduardo Sabion, na operação de iluminação e Lara Rocha, na sonoplastia.

Por: Eduardo Sabion

Foto: arquivo pessoal

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